quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Uso de helicóptero em incêndio em edificação

É muito comum vermos helicópteros sendo usados no combate a incêndios florestais.

Geralmente é usada uma Bambi Bucket (essa "bolsa" na figura abaixo),


ou um tanque dentro ou acoplado ao próprio helicóptero (menos comum no Brasil):



Para quem tiver curiosidade, veja neste site a origem do termo Bambi Bucket.

Entretanto, por que não vemos helicópteros sendo usados em incêndios estruturais?

Pela lógica, em um incêndio em edificação, principalmente am arranha-céus, onde as escadas e plataformas não alcançam e os bombeiros levam muito tempo para chegar aos andares mais altos, um helicóptero poderia ser muito útil.

Na verdade, eles são sim usados! O ponto é que incêndios desse tipo não são muito comuns.

No Brasil, os últimos grandes incêndios em edificações de grande porte foram o Andraus em 1972 e o Joelma em 1974, ambos na cidade de São Paulo. Houve também o incêndio no edifício das Lojas Renner em Porto Alegre, em 1976, mas ele tinha apenas 7 andares.

No Andraus, a maioria das pessoas sobreviveu justamente por conseguir chegar à cobertura e ser resgatada por helicóptero!

No Joelma, como as chamas já haviam atingido o terraço e não havia uma laje apropriada para pouso, helicópteros não conseguiam se aproximar o suficiente para realizar o resgate.

Se quiser saber mais sobre estes incêndios, seguem algumas fontes:

Em termos de legislação, a ANAC proibe o voo com carga externa em áreas com edificações e pessoas. Isto dificulta o transporte de água por Bambi Bucket.

Claro que podem existir exceções em situações de emergência, mas o ponto não é só legal. Do ponto de vista das técnicas de combate a incêndio em edificações, despejar 500 ou mais litros de água de um helicóptero geralmente é pouco efetivo e ainda perigoso.

500 kg de água = meia tonelada. O impacto pode danificar estruturas e ferir vítimas e bombeiros.

O resgate é permitido, porém existem outros riscos que o comandante tem de avaliar. Há um local seguro para pouso no terraço do edifício? As chamas já atingiram o terraço? Qual a visibilidade no local? Direção e intensidade do vento?

Exemplo: se o fogo já atingiu o terraço, ou se a intensidade é muito alta, o forte calor gerado pode desestabilizar o helicóptero - o ar mais quente é menos denso, afetando a sustentação. Pode haver turbulência também.

Além disso, a legislação mudou muito deste os incêndios no Andraus e no Joelma. O Joelma, por exemplo, não tinha nem escada de incêndio! Hoje, prédios de grande porte contam com escadas enclausuradas, sistema de hidrantes, sistema de sprinklers, entre outros.

Em países mais desenvolvidos, arranha-céus modernos contam com áreas de abrigo isoladas e pressurizadas em determinados andares para que as pessoas possam aguardar o resgate em segurança.

(Para mais informações sobre este assunto, clique aqui)

Por fim, existe o fator custo. Com muitas corporações sucateadas, o aluguel ou a aquisição de um helicóptero torna-se inviável. E nem todas as cidades contam com apoio de helicópteros policiais.

Conclusão:

O equipamento pode ser usado em incêndios estruturais? Sim, primordialmente no resgate de vítimas.

O uso é viável? Depende do risco, tanto para o helicóptero e sua tripulação, quanto para as vítimas e os bombeiros.

Dependendo do porte do incêndio e da altura do edifício, ele poderá ser a única saída.

Segue abaixo um vídeo, disponível no Youtube, sobre o incêndio no Andraus. Repare nos helicópteros chegando e saindo do topo do edifício:


Até logo!

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