sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Como funcionam as roupas de combate a incêndio

Você já se perguntou como funciona a sua roupa de combate a incêndio?

Antes, um pouco de história: também chamada de roupa - ou conjunto - de aproximação, foi inventada nos EUA há cerca de 130 anos pela empresa Globe.

Anteriormente, era composta somente pela jaqueta, também chamada de capa 7/8 ("sete oitavos", que se refere ao seu comprimento).



As roupas modernas evoluíram para calça e jaqueta, por oferecerem maior proteção para as pernas dos bombeiros.



São produzidas com a combinação de diversos materiais, sendo os mais comuns NOMEX (meta-aramida), KEVLAR (para-aramida), PTFE (politetrafluoretileno) e PBI (polybenzimidazole).

Este último é o que há de mais moderno, pois tem maior resistência ao calor, ao contato com o fogo e suporta até 900oC com uma perda de resistência menor que os anteriores (fonte).

Como o nome sugere, a roupa é para aproximação ao fogo, não para contato com o fogo. Portanto, não é feita para aguentar contato direto com as chamas por muito tempo.

Apesar dos materiais serem retardantes e/ou antichamas, eles se deterioram se ficarem muito tempo em contato com o fogo.

A roupa trabalha absorvendo calor, não refletindo. Dessa forma, o excesso de calor poderá saturá-la e causar queimaduras ao bombeiro. Isto nos leva a algumas conclusões:

1- Em um ambiente com fluxo bidirecional (link), por haver plano neutro e separação da camada de fumaça e gases superaquecidos da camada de ar, ao mesmo tempo que a roupa absorve calor, ela também libera calor em contato com o ar mais frio na camada inferior. Por isto não satura.

2- Se ficarmos no "caminho" de um fluxo unidirecional, não haverá troca de calor com o ar fresco e a roupa saturará, ferindo o bombeiro - em casos extremos, levando à morte.

3- O tempo de saturação depende dos materiais e da espessura das camadas da roupa. Quanto mais material, maior a proteção, porém maior o peso e menor a flexibilidade.

Nota: As roupas nos EUA são mais robustas e pesadas que as roupas na Europa justamente pelo tipo de combate mais agressivo que os americanos executam.

Tanto a calça quanto a jaqueta são confeccionadas em três camadas, que podem variar de material e espessura.



A camada externa (outer shell) protege o bombeiro das chamas diretas - apenas contato por tempo reduzido -, propicia resistência mecânica - corte e abrasão - e alguma proteção térmica.

A camada intermediária, chamada de camada de umidade ou líquido (moisture barrier), protege o bombeiro de água (líquida ou vapor) e de líquidos específicos, que podem variar conforme a norma.

A NFPA especifica os seguintes: cloro, ácidos de bateria, combustíveis,  LGE (líquido gerador de espuma) e fluidos hidráulicos. É também testada para proteção contra agentes patogênicos presentes no sangue.

Esta camada deve permitir que parte do calor seja retirado da roupa, ajudando a reduzir o stress térmico do bombeiro. Esta característica é chamada de "respirabilidade" (breathability).

A camada interna, chamada de camada térmica (thermal liner), propicia a maior proteção contra a temperatura. Costurada a ela está o tecido que faz a face interna da roupa e fica em contato com o bombeiro.

Nesta camada, quanto maior a espessura, mais tempo levará para que o bombeiro sinta o calor e, consequentemente, para a roupa saturar.

Ela também precisa ter "respirabilidade", permitindo que o calor absorvido do fogo e o calor gerado pelo corpo do bombeiro possam ser extraídos.

Além disso, entre as camadas são deixados espaços que permitem que o ar "circule". Isto ajuda a retardar a transmissão de calor entre elas.



"Bolsas" de ar entre as camadas ajudam a retardar a saturação

O desafio dos fabricantes está em projetar roupas que sejam ao mesmo tempo leves, flexíveis e com alto grau de proteção. Mas a realidade demonstra que você precisa optar por um padrão: ou leves e flexíveis, ou pesadas, robustas e com maior proteção.

Retirando o custo da jogada, a escolha do modelo depende muito do tipo de operação que sua corporação desempenha.

O combate é mais agressivo ou defensivo? Você possui conjunto específico para resgate veicular, ou usa o mesmo conjunto para resgate e incêndio? Suas operações geralmente são mais curtas ou mais longas?

Para quem quiser se aprofundar, seguem algumas fontes (fonte 1) (fonte 2) (fonte 3).

Até a próxima!

8 comentários:

  1. Boa noite, existem orientações sobre não usar a farda do corpo de bombeiros militar sob a roupa de aproximação por causa da possibilidade da temperatura ao saturar a proteçao provocar o aquecimento do material sintético, pela ausência da formaçao do bolsão de ar, e consequentemente provocar queimaduras em vários graus. Você conhece ou possui algum texto científico que discorra acerca deste tema?
    Muito Obrigado pela atenção.

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  2. O melhor é usar abaixo da roupa de aproximação tecidos não sintéticos, pois estes ao receber alta temperatura tendem a derreter, já tecidos de fibra natural como algodão tender a ter outro comportamento térmico

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    1. Obrigado... Mas você sabe a origem desta discussão? Apesar de ser um comportamento óbvio, para mudarmos paradigmas dentro das corporações militares, somente com embasamento científico. Conhece algum trabalho que discorra sobre o tema?

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  3. Bom dia, vocês teriam alguma matéria sobre os beneficios do EPI na cor Gold, em relação aos outros?

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  4. Olá, todos sabemos que a cor preta absorve mais calor, então o porque de fabricarem roupas nesta cor?

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  5. Qual o preço da roupa de aproximação cel17988341553

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  6. Qual e o valor do traje aproximação

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