quinta-feira, 2 de março de 2017

Aumento da incidência de câncer em bombeiros

Antes de tudo, veja o vídeo abaixo:


Esse vídeo é uma caracterização - com espuma de barbear - de como saímos de um incêndio. Basta trocar a espuma por fumaça, fuligem, gases e partículas tóxicas.

Note que contaminamos praticamente tudo. O EPI, o EPR, a viatura, o quartel, etc. E o pior é que acabamos levando parte dessa "sujeira" para nossas casas!

Estudos realizados recentemente nos EUA (fonte) indicaram que os bombeiros têm duas vezes mais chances de desenvolver certos tipos de câncer, quando comparados à população em geral.

Isto ocorre por conta da exposição cada vez maior a químicos e carcinogênicos durante os incêndios, que aumentou drasticamente em função do uso extensivo de materiais sintéticos e plásticos.

Antigamente, as casas e o que havia dentro delas eram feitas basicamente de metal, madeira, barro, lã e algodão. A fumaça expelida continha muito menos químicos que atualmente.

Apesar de reduzir o risco, o uso de EPI e EPR completos não é suficiente, pois acabamos levando muita sujeira de volta às viaturas e ao quartel. Mesmo depois de horas, as roupas / conjuntos de aproximação continuam expelindo gases tóxicos absorvidos no incêndio.


O que fazer para se proteger?

Seguem abaixo recomendações (extraídas da fonte citada acima).

Nota: algumas eu adaptei para a nossa realidade. Exemplo: recomendam ter um segundo conjunto de aproximação por plantão e nunca levá-los para casa, mas sabemos que nem sempre temos estas opções.

1- Sempre usar EPI e EPR completos em incêndios estruturais e veiculares. Mesmo no rescaldo.

2- Se possível, ainda na cena, realizar uma pré-descontaminação do seu equipamento. Passar um pano úmido nas roupas e lavar botas, luvas, capacete e máscara do EPR já ajudam.

3- Lavar mãos, braços, face e nuca logo após o incêndio, mesmo que só seja possível esfregá-los com água. Preferencialmente ainda na cena.

4- Se possível, retire sua roupa de apromixação e leve-a em um compartimento fora da cabine de passageiros da viatura.

5- Chegando no quartel, se você ainda estiver de serviço, higienize todo o seu equipamento com água e panos limpos. Depois, procure deixá-lo pendurado em um ambiente ventilado, fora dos ambientes de convivência da equipe (deixe na garagem, por exemplo).

6- Lave mãos, braços, nuca e face com sabão e água. Dependendo do porte do incêndio (médio para grande), recomenda-se uma ducha completa e troca da farda.

7- Ao fim do plantão / serviço, se o EPI estiver muito sujo e suado, recomenda-se a lavagem do mesmo (siga as instruções da etiqueta para não danificá-lo).

8- Se precisar levá-lo para casa, não deixe em ambientes fechados. Procure deixar em um lugar ventilado, como sacadas, varandas ou áreas de serviço.

Por fim, nem sempre conseguimos seguir todas as recomendações. Mas devemos ficar alertas e nos educar para tal. O câncer é uma doença silenciosa e sorrateira!

Curiosidade:

Em muitas corporações - principalmente nos EUA - existe uma cultura de que quanto mais "encardido" e "surrado" o EPI, maior a experiência do bombeiro. Muitos evitam lavar os EPIs como demonstração dessa experiência.


Isso não deixa de ser verdade, mas tem um custo alto: a saúde do bombeiro e de quem convive com ele. Pense nisso!

Até a próxima!

2 comentários:

  1. E o General Mourao querendo aumentar o tempo de serviço para 35 anos.
    País feminista/comunista vs. emprego predominante de homem.

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