Nestes casos, supondo que os recursos disponíveis sejam suficientes para o atendimento da ocorrência, teremos que priorizar o resgate das vítimas.
Para ocorrências em que a capacidade de atendimento ultrapassa a capacidade de resposta das equipes de socorro, recomenda-se adotar o método START (Simple Triage and Rapid Treatment - Triagem simples e tratamento rápido).
Nota: o objetivo deste post não é detalhar o método. Se tiver interesse, veja estes links: (START 1) (START 2).
Quando se fala em rescursos suficientes, refere-se aos resgatistas / socorristas, viaturas e equipamentos para desencarceramento, extração e transporte de todas as vítimas até o(s) hospital(is).
Suponha a seguinte situação:
Colisão carro x carro
Carro 1: 2 vítimas encarceradas, uma mecanicamente, outra com encarceramento físico tipo I, inconscientes.
Carro 2: 1 vítima com encarceramento mecânico, em PCR.
Qual deve ser a prioridade de atendimento?
Para este ocorrência, sua equipe dispõe de:
- 1 caminhão de combate a incêndio e resgate, com 1 conjunto desencarcerador e guarnição de 1 motorista e 3 bombeiros.
- 2 USBs, com guarnição de 1 motorista e 2 socorristas cada.
Primeiramente, independente do porte da ocorrência, os procedimentos são os mesmos (método SAVER, avaliação do local, estabilização dos veículos, etc).
Segundo, realizados os procedimentos iniciais, deve-se definir quais vítimas abordar primeiro.
Independente do sexo e da idade das vítimas, a sequência de atendimento é definida pela facilidade de extração e pelo maior "potencial" de sobrevivência.
Racionalmente, devemos considerar que a chance de sobrevivência da vítima em PCR é menor que a chance das outras duas vítimas.
Portanto, no exemplo acima, uma recomendação de atendimento seria:
1- Equipe USBs 1 e 2: cuidados pré-hostitalares e estabilização das vítimas no carro 1.
2- Equipe resgate: desencarceramento da vítima 1 do carro 1 (encarcerada mecanicamente).
3- Equipe USB 1: extração e transporte da vítima 1 do carro 1 ao hospital.
4- Equipe resgate: desencarceramento da vítima 2 do carro 1 (encarcerada fisicamente tipo I).
5- Equipe USB 2: extração e transporte da vítima 2 do carro 1 ao hospital.
6- Equipe resgate: desencarceramento e extração imediata (não controlada) da vítima do carro 2 (em PCR). Início dos procedimentos de reanimação até a chegada de apoio (USB, USA).
Caso seja possível desencarcerar e extrair a vítima em PCR sem o uso de desencarcerador (com alavanca Halligan e machado de arrombamento, por exemplo), a equipe de resgate deve fazê-lo.
Nota: como são três resgatistas e um motorista na guarnição, um resgatista e o motorista poderiam tentar o desencarceramento e a extração no carro 2 em paralelo ao carro 1.
Porém, o transporte ao hospital, no caso de somente 2 USBs, continua sendo prioritário para as duas vítimas inconscientes do carro 1.
Ocorrências com crianças, gestantes e idosos são mais impactantes, mas devemos ser racionais e priorizar as vítimas corretamente, para que possamos salvar o maior número possível delas.
Se a situação for mais extensa, com mais veículos e/ou vítimas envolvidas e o mesmo nível de recursos, deve-se partir para o método START, que traz justamente uma sistematização da priorização de atendimento.
Saudações!
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